O
que é a tradição?
Será
a tradição uma prática imbecilizada?
Qual
é o valor e o impacto da tradição na civilização de uma sociedade?
Qual
é a relação entre a história e a tradição?
A TRADIÇÃO É A PERSONALIDADE DOS IMBECIS
(ALBERT EINSTEIN).
A
tradição em termos etimológicos deriva do latim “traditio” que significa
entregar ou passar adiante. Em termos concretos, representa uma função
sequencial de valores, hábitos, visões do mundo passadas de geração para geração. O
Einstein foi infeliz na minha visão ao proferir a frase que imbeciliza a
tradição sem excepção. Ao afirmar que a tradição é personalidade dos imbecis
queria ele colocar o experimento como única forma de convivência. A lógica não
pode ser a base da existência da espécie humana, pelo menos para a realidade
actual, o mundo é sustentado pelo ilógico. A religião é ilógica, a política é
ilógica, o casamento é ilógico, a ciência é ilógico em vários aspectos, as
crenças são ilógicas, todas essas formas de se relacionar constituem as
tradições e receio imbeciliza-las por causa da lógica.
Os
consensos podem ter espaços diferentes em função da realidade em análise mas
todas elas foram adquiridas como costumes viáveis.
Não defendo a ideia de orgulho ou crença na cegueira, é preciso ser
racional (reflectir) em todas as situações, contudo, vale lembrar que a racionalidade não
resolve tudo. Algumas coisas acabam soando natureza em função dos limites de
integração. Não se trata de querer viver na inocência, entretanto, é uma
questão que pode ser facilmente comprovada observando o seu raio de investigação.
REFLETINDO A
IDENTIDADE CULTURAL AFRICANA
O
pan-africanismo surgiu quando o Nkrumah dentro dos seus sonhos percebeu o
neocolonialismo como o modelo sofisticado de manter a escravidão, entretanto,
passou a despertar os africanos no sentido deles perceberem que a verdadeira
liberdade tinha que ter origem africana.
Mas
os ideias do Kwame não tiveram muito progresso já que a pobreza intelectual
persegue os africanos. Porque se formos a ler os livros do Kwame como:
personalidade africana, falar da liberdade, os axiomas do Kwame, unidade
africana, o neoliberalismo, ... vamos entender que o pan africanismo tomou a
direcção errada, as lideranças do continente não obedecem às bases estabelecidas
pelo seu fundador. Se o problema está no modelo seria óbvio a necessidade de
alterar esse modelo e não o silêncio. Alguns dizem que o pan africanismo queria
unificar as tradições, isso não é verdade, esse modelo apenas queria ressucitar
as linhagens das diferentes regiões africanas como vectores directores. Porque
até ao momento em termos estatísticos não se percebe com uma certa clareza o
verdadeiro vector dos ideais africanos, os nossos líderes não têm projecto de
sociedade, não falam das suas bases com propriedade.
Os efeitos do tráfico de escravo são visiveis mas é
importante acordar do sono, essa justificativa não pode ser eterna, precisamos
refletir a África como ela é, precisamos de alternativas independemente daquilo
que se houve no passado. Necessitamos de tempo? Evidentemente que sim, mas o
dialogo, o debate e os passos iniciais
para mudar o rumo são necessidades urgentes.
Reflectir sobre o tráfico de escravos é de uma importância
extrema, sem conhecer a história teremos um futuro opaco, o passado é a chave
para o futuro, é preciso analisar as mazelas que os nossos ancestrais
atravessaram, os diferentes porquês. A ideia aflorada nos dias de hoje de que
a culpa de escravidão é integralmente dos africanos é de uma insensibilidade
enorme, sem intenção de remover a culpabilidade dos nossos ancestrais mas
chegar ao ponto de colocar o homem branco na condição de vítima é de uma
deturpação de parâmetros fora do normal.
Precisamos deixar de ser marionetes do ocidente. Quando os africanos usavam apenas folhas e andavam semi nuas eles nos chamaram de retardados que o vestir adequado não era aquele, seguimos a moda, agora são eles que sentem a necessidade de andarem semi nuas e novamente nos acham de atrasados por usarmos roupas conservadoras demais que eles mesmo nos ensinaram.
O ORGULHO
AFRICANO PODE SER UM DOS CAMINHOS
Infelizmente muitos interpretam esta ideia como um ponto de
rotura. É preciso compreender a ideia de orgulho como necessidade de auto-valorização
e auto-estima, nenhum povo evolui sem ter orgulho dos seus processos.
Ter orgulho africano pressupõe compreender que as teorias Marxistas não nos servem, a nossa luta não é de classe. Nós ainda enfrentamos problemas de aceitação como espécie humana, mesmo não existindo nenhuma base biológica que sustenta o preconceito dos racistas, e de forma inconsciente ou emburrecido reproduzimos essas práticas.
Ter orgulho africano pressupõe ler a história para desfazer as amarras que de forma invisível nos impõe um eterno conflito entre irmãos. O petróleo em Angola começou a ser explorado em 1962, muito antes da nossa independência, então, não podemos achar que tomamos a independência em 1975 e já temos o controle da nossa riqueza, a riqueza de Angola beneficia mais o ocidente do que os donos.
Ter orgulho africano pressupõe demonstrar interessa pelas nossas raízes. As primeiras civilizações foram africanas, o Alexandre o Grande depois de invadir o antigo Egipto arruinou a vida dos primeiros filósofos da história da humanidade e entregou as obras ricas de conhecimento ao seu orientador Aristóteles, daí o monopólio do conhecimento pela Grécia antiga.
Ter orgulho africano pressupõe perceber que você precisa defender o mais frágil diante das superpotências sem colocar no colo as malandragens dos nossos líderes energúmenos e parar de reproduzir pensamentos do tipo, achar que séculos de massacre e roubos de riquezas não teriam nenhuma influência nas gerações actuais. Usar exemplo de paises subdesenvolvidos como a Etiópia que não foram submetidos a escravidão como justificativa de que o fracasso está no DNA dos africanos é simplesmente imaturo e desumano, porque isso faz perceber que os países de povos brancos são todos evoluidos e sem pobreza, miséria, desigualdade extrema, corrupção, ... e isso não é verdade.
A Rússia é uma potência hoje apesar da imagem que tem no mundo é pela capacidade de trabalho que os seus cidadão têm. Mesmo o mundo estando contra eles, eles não se importam com isso, uma coisa eles têm certeza, com trabalho duro o país nunca vai desabar independentemente das sanções que a Europa ou Estados Unidos possa impor. E esse orgulho é evidente na academia, na cidade, nos museus, a maneira como eles valorizam os seus ícones. Eles têm uma identidade que não se emociona nem segue a modinha dos países liberais.
Ter orgulho africano pressupõe compreender que as teorias Marxistas não nos servem, a nossa luta não é de classe. Nós ainda enfrentamos problemas de aceitação como espécie humana, mesmo não existindo nenhuma base biológica que sustenta o preconceito dos racistas, e de forma inconsciente ou emburrecido reproduzimos essas práticas.
Ter orgulho africano pressupõe ler a história para desfazer as amarras que de forma invisível nos impõe um eterno conflito entre irmãos. O petróleo em Angola começou a ser explorado em 1962, muito antes da nossa independência, então, não podemos achar que tomamos a independência em 1975 e já temos o controle da nossa riqueza, a riqueza de Angola beneficia mais o ocidente do que os donos.
Ter orgulho africano pressupõe demonstrar interessa pelas nossas raízes. As primeiras civilizações foram africanas, o Alexandre o Grande depois de invadir o antigo Egipto arruinou a vida dos primeiros filósofos da história da humanidade e entregou as obras ricas de conhecimento ao seu orientador Aristóteles, daí o monopólio do conhecimento pela Grécia antiga.
Ter orgulho africano pressupõe perceber que você precisa defender o mais frágil diante das superpotências sem colocar no colo as malandragens dos nossos líderes energúmenos e parar de reproduzir pensamentos do tipo, achar que séculos de massacre e roubos de riquezas não teriam nenhuma influência nas gerações actuais. Usar exemplo de paises subdesenvolvidos como a Etiópia que não foram submetidos a escravidão como justificativa de que o fracasso está no DNA dos africanos é simplesmente imaturo e desumano, porque isso faz perceber que os países de povos brancos são todos evoluidos e sem pobreza, miséria, desigualdade extrema, corrupção, ... e isso não é verdade.
A Rússia é uma potência hoje apesar da imagem que tem no mundo é pela capacidade de trabalho que os seus cidadão têm. Mesmo o mundo estando contra eles, eles não se importam com isso, uma coisa eles têm certeza, com trabalho duro o país nunca vai desabar independentemente das sanções que a Europa ou Estados Unidos possa impor. E esse orgulho é evidente na academia, na cidade, nos museus, a maneira como eles valorizam os seus ícones. Eles têm uma identidade que não se emociona nem segue a modinha dos países liberais.
Criar uma identidade para o continente ou para os
diferentes países integrantes não é isolar eles da humanidade, não fomentar o
racismo, não é promover os preconceitos mas é preciso se compreender segundo a
sua realidade sob o risco de não produzir pessoas frustradas sonhadores com
realidades deslocadas. Ensinar as pessoas a compreenderem a sua realidade, a
valorizarem a sua realidade sem necessidade do conformismo, aprender a se
relacionar com a sua realidade, saber discutir a sua realidade, olhar para sua
realidade como seu referencial não é discriminar as outras realidades mas sim
produzir a reflexão de que a diferença sempre existirá e algumas diferenças reflectem
uma realidade objectiva e concreto.
No
caso de Angola, pouco se sabe sobre o país antes do Diogo Cão, nos livros de
história do país usado para ensino fundamental tudo se resumo no tráfico de
escravo. Como podemos construir uma identidade sem saber o passado?
Angola
como muitos países africanos não têm identidade própria, desprezam as suas
roupas, comidas, músicas, ícones, heróis, ... para eles ser moderno e
civilizado significa estar cada vez mais perto do europeu ou americano. Não sou
tão radical ao ponto de achar que a questão da roupa ou outra forma de
compreender o africanismo deve ser imposta, pela imposição nós conquistamos o
medo e não a verdadeira paixão e o amor. É preciso educar a sociedade dos mais
velhos para que eles sirvam de modelo para os mais novos. A escola é um ponto
crucial, deve incluir no seu programa actividades e temas que provoquem
reflexão nesse sentido, o debate na midea deve mudar de rumo, deve trazer
discussões construtivas nesse sentido. Pode parecer absurdo mas na minha
experiência com russos, eles têm muito interesse em comprar as roupas estilo
africano.
A ÁFRICA DEVE COMEÇAR A REFLECTIR SERIAMENTE
NAS CAUSAS SE QUER ENCONTRAR RESULTADOS SEGUROS AO LONGO PRAZO.
a submissão a cultura alheia significa submissão do povo
que adota a mesma cultura.
Adotar modelos alheios não é o caminho, ao imitar uma
cultura, o protagonista ou fundador dessa cultura de forma inconsciente exerce
poder sobre você. Qual seria a solução? Refazer tudo? Não é necessário, é
preciso compreender que o imitado foi construído numa realidade, com as condições
que tinha à disposição e com certeza são diferentes das suas, então, tenta
inicialmente compreender a sua realidade e adota as medidas que se adequam à
realidade objectiva.
E
mais, nós a camada estudantil, académica, intelectual temos que começar a
contribuir seriamente, a ideia de pensar só nas necessidades biológicas não têm
dado bons resultados. O incentivo a bajulação e ao individualismo tem estado a matar a África.
É TUDO UMA
QUESTÃO DE TRADIÇÃO
Observa
a roupa do povo russo no século XVII, era uma vestimenta que não responde as
questões lógicas, era simplesmente a roupa deles, bonito na visão deles e eles
valorizam muito isso. Observa o vestir dos povos árabes, chineses, japoneses,
indianos eles têm uma realidade e não cedem por nada e se orgulham disso.
Os
angolanos questionam a moda de usar roupas africanas nos pedidos mas nunca
questionaram a essência do vestido branco no casamento.
Exemplo,
a dança kizomba para angolanos é normal mas para muitos países europeus é uma
dança muito íntima porque exige contacto físico demais, mas esse mesmo povo
europeu em outros fóruns facilmente se envolvem sexualmente, até podem ter sexo
no quarto com vizinho de quarto ao lado, nas florestas que tem acesso público,
nas discotecas.
A medida que o número de universitários aumenta no país o
questionamento sobre a essência do pedido vai aumentando, muito chegam a
loucura de achar que o pedido chamado casamento tradicional não tem lógica
nenhuma. Alguns organizam de forma improvisada o pedido e investem tudo no
casamento de vestido branco. Se assumirmos que o alambamento uma forma que os
nossos ancestrais encontraram de dignificar a família, a filha, o filho, de
mostrar o respeito pela tradição, de elevar a essência da união entre dois
seres de sexos opostos não vale nada, por que o casamento de vestido branco
vale? Muitos dirão que o casamento civil é reconhecido pelo estado. Mas não
será que esse estado que reconheceu o casamento civil como a união legítima
também pensa como você sobre o alambamento?
Hoje temos movimentos de qualquer tipo, defendendo até o
trivial. Legalização do casamento gay, legalização do aborto, a legitimidade da
pedofilia, a legalização de drogas, mas se tudo isso não passa de imitação do
ocidente por que esses mesmos intelectuais não pedem também a legalização do
alambamento como um modelo que compreende a nossa realidade? Claro, com todas
as correções necessárias, reconheço excessos.
QUE VALOR É ESSE
QUE SE DÁ A TRADIÇÃO QUE SÓ SOBREVIVE NO INTERIOR?
O
desorgulho cultural só brilha na metrópole, viajei no interior quer no norte
para os Kimbundus/Ambundus e o sul Umbundus e vi como eles valorizam suas
culturas e tradições com orgulho e divulgação. Facto eu não conheço um Ambundu
proveniente do interior que não fala sua língua quando vê um conterrâneo. assim
como não conheço um Kimbundu que não sente orgulho do que é com excepção
dos Luandenses. Mas, os luandenses é como mostra a história um fenómeno de
aculturação e desapego devido a concentração colonial e e a recepção global que
enfim foram apropriando-se da matriz identitária desta. Culpa claro dos nossos
administradores (Governo) que em nada fizeram para travar este triste
acontecimento. O problema é se as mumuilas são proibidas de estarem nas ruas de
Luanda como se representava... e na maioria das vestimenta de nossos povos eram
a base de folhas já deves deduzir o problema. Por outra a identificação
de tecido e representação a língua pode mostrar em parte isso mas a segregação
e a divisão incorre ao presunçoso preconceito sobre origens e manifestações
culturais. Por isso tratamos o kimbadeiro de forma prejorativa (Diego Paulo
Cunha).
A
verdade é que nós fizemos um julgamento em função de Luanda mas esquecemos que
angola não é apenas luanda. Entretanto, a gente nota a grande influência que a
tradição bakongo tem em Luanda, talvez estejam em maior quantidade, algo que
dúvido muito. Mesmo os bakongos que ocupam cargos políticos de destaque são
distinguidos pela sua assunção contundente as suas origens, algo que pouco
acontece com os outros. Muitos políticos bakongos usam os trajes a vontade mas
os outros vivem engravatados até nos seus quartos. Algo não tem sido bem
trabalhado nessas cultura, ao ponto dos seus descendentes abandonarem tudo ao
ascender para topo.
A
ideia da cultura não tem sido bem divulgado pela midea, não tem sido debatido,
a cultura existe no interior mas na educação não existe, porque os homens que
conduzem a comunicação social e a midea não têm cultura. Olha o Fenacult o
chamado festa da cultura os participantes aparecem mal trajados, por falta de
hábito. A televisão incentiva o uso da roupa africana só nos dias notáveis. Vão
na Mabor, Palanca, Petrangol, ... Esses bairros que acumula um bom número de
bakongos vais notar a vestimenta africana muito comum no dia a dia, na escola,
igreja, ...
VALORIZAR CULTURA VAI ALÉM DO INTERIOR
A questão do orgulho de uma de uma sociedade tem relações
fortes com a identidade cultural. Não podemos construir uma sociedade forte e
coesa sem percebermos as nossas motivações. As nossas origens têm muito a nos
dizer sobre as nossas pretensões.
Em
termos gerais sem intenção de polarizar nós sabemos que os bakongos são os
angolanos facilmente de serem distinguidos em angola, não apenas pelo sotaque
português que tem uma grande influência da língua nacional Kikongo mas são povo
sem medo e preconceitos da sua cultura ou origem, falam a vontade o Kikongo em
qualquer sítio, usam as roupas a estilo de pano africano mesmo com o excesso de
preconceitos que são vítimas, não se envorganham das suas comidas ou gastronomia
geral, ... algo pouco comum de se observar em povos de outras regiões
principalmente aqueles vivem em Luanda, onde a maioria já tem pavor do funge,
se envorganham das línguas nacionais, roupas africanas chamam de popular, comer
catato é de pessoa do mato, o português quanto mais próximo de Portugal melhor.
Observa uma curiosidade. Nome de alguns croatas: Rakitić,
Modrić, Perisić, Mandzukić, Subasić. Nome de alguns russos: Smolov, Danisov,
Glushacov, Ivanov. Nome de alguns islandeses: Halldórsson, Kristinsson, Jónsson, Skúlason,
Magnússon, Hermannsson, Sigurdsson. Nome de
alguns angolanos: Estiviandra, Minguito, Mauro, Jeferson, Zola, … É uma questão
pouco relevante na minha visão mas a curiosidade faz algum sentido.
Se tudo é
tradição, onde está a ciência neste contexto?
…..
Zongo Armando em,
TUDO É TRADIÇÃO, A DIFERENÇA ESTÁ NA TRADIÇÃO EM QUE VOCÊ PREFERE ADOTAR.
Sem comentários:
Enviar um comentário