É uma dor adimensional, algo que não tem parâmetros que capazes de quantizar. Olhava para o meu futuro me baseando no uso adequado e ideal das
equações ondulatorias da luz segundo a óptica geométrica, para minimizar os
efeitos dos ruídos incoerentes processava as minhas visões tendo em conta os
filtros de frequências de bandas largas buscando os parâmetros do
Boyle-Mariotte apesar da consciência do idealismo exacerbado. A heterogeneidade
do universo não me surpreendeu mas provou a ignorância da minha margem de erro
calculda com uma máquina científica comprada na bancada do meu vizinho congolês
que vende no Kikolo. Nunca imaginei esse momento insuportável porque sempre fui muito
afectivo e bom apreciador da infância, uma das justificativas da orientação da polaridade da minha essência.
Sempre
tive uma ligação muito forte com crianças, brincar, ensinar, me divertir,
apreciar crianças sempre foi o meu forte mas há um ano que ver crianças
sorridentes, crianças no parque infantil com os pais brincando tem me causado
alucinações, uma tortura psicológica sem precedentes me levando no último
estágio de dor humana que é o desespero, já que isso representa um fracasso
como pai e consequentemente como um ser humano. Nunca tive pretensão de fazer
dos meus sucessores robôs, ou que seja feita a minha vontade, mas sempre tive
obsessão de fazer parte das brincadeiras, mimos, inocência deles. Apesar de dar
crédito ao conjunto de várias ideias científicas mas nunca cai na armadilha de
perceber algumas insuficiências nelas por isso apesar do John Locke escrever que o ser humano nasce como folha branca e a realidade escreve nela mas a diversidade nos pensamentos de pessoas que
comungam o mesmo meio deixa algumas anomalias que podem ser eliminadas com a
combinação de métodos inderectos. Entretanto,
apesar dos ideais da Judith Butler, eu compreendo que não tenho nada a dar a
minhas gerações além daquilo que fui ensinado, afinal ninguém ensina o que não
aprendeu. O modelo para uma sociedade ideal eu deixo para os revolucionários,
eu prefiro apostar no modelo presente ajustando as margens de erros e
privilegiando um seguro emocional vitalício.
E
nessa linha de pensamento compreendo que essa etapa da Lweji é crucial para
semear as sementes mais poderosas da emoção para que a partir da base possa
criar um eu autônomo capaz de gerir os conflitos mais assustadores da memória.
A
frustração não é mínima e não há consolo capaz de minimizar isso, não se trata
de saudades ou vontade de estar perto mas planos e tempo frustrado que jamais
será recuperado, será um iato e lacuna jamais preenchida. Talvez seja esse o
preço que teria que pagar para ganhar o mínimo que posso dar a ela,
profundidade nas ideias e maturidade de um ser seguro dos seus ideais.
Mas é
um histórico que deixará o vazio sem precedentes, afinal de contas estou me
referindo ausência no primeiro choro, primeiro dente, primeira palavra,
primeiro passo, primeira besteira, primeira chatice, primeira confusão. Essa
fase os pais criam as raizes mais profundas do processo histórico vivido e as
lições básicas de formação de personalidade.
Não
existe ganhos que posso aplicar para recuperar essa amplitude afectada pela
heterogeneidade da vida.
A minha única alegria é a pessoa que está ai seu lado, ela é mais do que uma mãe, tem sido minha embaixatriz, transmitindo um pouco de mim a você.
Contudo, apesar do tempo cronológico humano ser irrenovável o que sobrou serve como oportunidade para tocar instrumentos musicais contigo, ser pacificador da sua mente, preparar você para vida e não para o sucesso, tornar você uma sucessora e não herdeira, democratizar a sua mente com tolerância e empatia para que nunca sinta a necessidade de fazer de um ser humano de alcatrão para atingir os seus objectivos.
Contudo, nessa data especial desejo felicitações apesar da inocência. Os melhores
votos nessa data especial Lweji.
Zongo Armando em, UM PERÍODO COMPLETO EM COORDENADAS GEOGRÁFICAS DISTINTAS.